Pesquisadores investigaram as estratégias curiosas das mariposas bella para usar toxinas da planta crotalária em sua proteção e reprodução.
Existem diversos seres do reino animal que surpreendem com suas estratégias de atrair parceiros. Na natureza, mariposas utilizam padrões de cores vibrantes em suas asas para chamar a atenção de possíveis companheiros. Além disso, durante a noite, em muitas regiões do mundo, é possível observar um espetáculo fascinante protagonizado por mariposas, que voam em torno de fontes de luz em busca de um par.
Algumas pessoas confundem as mariposas com as borboletas noturnas, que também são conhecidas como bichos-bolita. No entanto, apesar das semelhanças, esses insetos noturnos possuem características únicas que os tornam fascinantes para quem estuda a vida selvagem. Observar a delicadeza e beleza das mariposas e borboletas noturnas pode ser uma experiência encantadora em meio à diversidade da fauna.
Estratégias curiosas para atrair mariposas e evitar predadores
Um novo estudo, divulgado recentemente, revelou que as fêmeas de uma espécie de mariposa possuem uma maneira incomum de atrair parceiros: elas utilizam um veneno encontrado em uma planta. Essas mariposas, conhecidas como mariposas bella (Utetheisa ornatrix), desenvolveram a habilidade de se alimentar das toxinas da planta crotalária para atrair potenciais parceiros durante o acasalamento.
A pesquisa explorou como as mariposas bella evoluíram para utilizar as toxinas presentes na crotalária, consumidas durante a fase de lagarta, não só como mecanismo de proteção contra predadores, mas também como uma estratégia de atração para acasalamento. Essas toxinas, denominadas alcaloides pirrolizidínicos, são fundamentais para a sobrevivência e reprodução dessas borboletas noturnas.
A crotalária, planta da qual as mariposas se alimentam, contém uma substância amarga, tóxica para muitos animais, sendo inclusive uma das principais causas de morte acidental em bovinos. No entanto, para as mariposas bella, essa planta é uma fonte essencial de alimento. O estudo mostrou que esses insetos noturnos desenvolveram uma imunidade singular a essas toxinas, o que ainda intriga os pesquisadores.
No decorrer da pesquisa, os cientistas sequenciaram o genoma da mariposa bella, além de analisar 150 espécimes de museu, com o intuito de compreender a origem e evolução da espécie. A análise genética revelou informações valiosas sobre os genes responsáveis pela imunidade aos alcaloides pirrolizidínicos, um passo importante para desvendar esse intrigante mecanismo de defesa.
Durante o período de acasalamento, as fêmeas liberam uma nuvem de alcaloides em aerossol, atraindo os machos que seguem o rastro dessas toxinas até encontrá-las. Os machos então realizam um ritual específico, onde utilizam estruturas especiais para avaliar a presença e qualidade dos alcaloides na fêmea. Se considerarem adequado, o acasalamento ocorre, culminando na transmissão de esperma carregado de alcaloides, essenciais para a proteção dos ovos contra predadores.
Essa complexa dinâmica entre as mariposas e as toxinas presentes na planta crotalária destaca a fascinante evolução das estratégias de sobrevivência e reprodução desses insetos noturnos. A capacidade dessas mariposas de utilizar compostos tóxicos como mecanismos de defesa e atração desafia a compreensão convencional da biologia e inspira novas pesquisas na área.
Fonte: © CNN Brasil
Comentários sobre este artigo