Dia Mundial da Saúde: logística da alimentação, tecnologia, prevenção, tratamento ágil, HPV, conhecimento, recursos, custo, paciente e prevenção primária são essenciais.
COLUNA CEO DA SAÚDEO Dr. Victor Piana de Andrade, renomado médico patologista e CEO do A.C.Camargo Cancer Center, destaca a importância de priorizarmos a saúde em todas as esferas da nossa vida. É fundamental compreender que a promoção do bem-estar e da qualidade de vida têm papel fundamental na prevenção de doenças e na manutenção da saúde.
No contexto da saúde global, a atenção à saúde pública é essencial para garantir que todas as pessoas tenham acesso a serviços de qualidade e a uma vida digna. Investir em políticas públicas que promovam a saúde da população é um caminho para construirmos uma sociedade mais igualitária e justa. Devemos lembrar que a saúde é um direito de todos e merece ser prioridade em todas as instâncias governamentais e sociais.
A importância da saúde para a sociedade
Saúde não se faz só com médicos, remédios e hospitais. Saúde está nas mãos de todos e em todos os lugares. Está no saneamento básico, na qualidade do ar e da água, na logística da alimentação in natura, na política contra o fumo e os alimentos ultraprocessados, na vacinação, na transformação digital e na coordenação para colocar o esforço de prevenção muito acima do esforço do tratamento.
Saúde pede o letramento e protagonismo de cada cidadão sobre seus hábitos e riscos e o convite para ser um agente da própria transformação.Nossa sociedade está vivendo mais porque resolvemos as doenças infecciosas no século passado. Hoje em dia, o que mais mata são as doenças cardiovasculares e o câncer –condições associadas a pessoas com mais de 50 anos e aos hábitos da vida moderna.
O câncer cresce no mundo com previsão de 19,3 milhões de novos casos e 10 milhões de óbitos até 2025. Prevemos, ainda, um aumento de 40% a 60% nos próximos 20 anos. Os dados são alarmantes e pedem ações urgentes.O nosso grande desafio agora é de gestão. A ciência já avançou muito, novas técnicas e terapias surgiram, prolongando a vida dos doentes. Porém, a um custo insustentável.
Sou médico patologista com 25 anos de dedicação ao câncer. Há 8 anos atuo como gestor de saúde e afi rmo: para melhorar a situação em relação ao câncer no Brasil, falta sair do atual ‘EGOsistema’ e formar um ECOsistema com foco no paciente e na sociedade. Não há recursos para irrigar a cadeia de desperdícios atuais.
A qualidade, a pertinência e o custo precisam ganhar o espaço agora ocupado pelo volume de atendimentos.Continua após a publicidadeO governo, as empresas empregadoras, as operadoras, os médicos e demais profi ssionais da saúde e até as mídias sociais devem, de forma coordenada, facilitar o entendimento e incentivar as atitudes preventivas para a saúde oncológica.
O câncer é parte da vida dos pacientes, mas só parte e, com acesso ao diagnóstico precoce e tratamento ágil e coordenado, nossos cidadãos continuarão produtivos para a sociedade após o câncer, custando uma fração do que custam hoje ao tratarem um caso avançado.Nestas mais de sete décadas desde a formação da Organização Mundial da Saúde (OMS), criamos medicamentos com a precisão molecular, ativamos e desligamos quase qualquer molécula que quisermos, transformamos a vida mesmo daqueles com doença muito avançada.
A ciência e a indústria fi zeram a sua parte, não nos faltam conhecimento nem tecnologia. Há também conhecimento sufi ciente para evitar pelo menos 40% dos tumores. Os outros 60% poderiam ser descobertos mais precocemente. Por que, então, precisamos aguardar o câncer surgir para agir?
Por que fi camos tão felizes com a descoberta de medicamentos para câncer avançado e pouco se celebra a existência de uma vacina contra o HPV, capaz de acabar com o câncer do colo uterino e diversos outros tumores?O custo dos medicamentos modernos não deveria ocupar toda a nossa agenda, porque um câncer diagnosticado no início nem precisa deles.
Levantamos o custo dos primeiros 12 meses de tratamento, comparando os tumores em estágio precoce versus aqueles em estágio avançado. Eis os números: o câncer de mama, o de pulmão e o colorretal custam entre 470% e 890% mais quando avançados; o melanoma chega a custar 5.400% mais.
Em todos os casos, a chance de cura é bem menor e o esforço e o sofrimento para se tratar, bem maiores – mama em estágio inicial, sobrevida de 97% e, em estágio avançado, 42%. Para pulmão, a média é de 80% e cai para 12%, e colorretal, de 90% para 32%.Continua após a publicidadeOs avanços científicos dos últimos 30 anos permitiram inúmeras novas abordagens.
A necessidade de UTI caiu para menos da metade, assim como as internações e as transfusões de sangue. Em 2023, somente 0,9% dos casos de cirurgia da mama foram para UTI ao sair do centro cirúrgico, 0,06% de tireoide e 0% das prostatectomias robóticas. De tão pouco invasivas e altamente seguras, já há exemplos de cirurgias com alta no mesmo dia.
O tratamento do câncer é cada vez menos hospitalar e não vai demorar muito para podermos cuidar do paciente em sua casa. Saúde oncológica significa prevenir, com cada cidadão tomando as rédeas da sua saúde e conhecendo seu risco individual para desenvolver câncer. Prevenção de câncer se faz todo dia.
Os exames de rastreamento detectam o câncer que já está lá e, se realizados na frequência correta para cada indivíduo, vão ajudar a descobrir a tempo de uma solução fácil e acessível.Prevenção: o remédio mais eficaz contra o CâncerSaiba como evitar os principais tipos da doença com um guia preparado pelo A.C.Camargo Cancer CenterContinua após a publicidadeO Instituto Nacional de Câncer estima que surgirão mais de 704 mil novos casos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025.
Esse número seria muito menor se a prevenção da doença fosse realizada corretamente, por meio do monitoramento do histórico de câncer familiare da exposição aos fatores de risco – alimentação, sedentarismo, tabagismo, etilismo e sol em excesso, entre outros. ‘Apenas 10% dos pacientes têm tumoresrelacionados a questões hereditárias; 90% dos casos ocorrem devido à exposição a algum fator de risco.
Por isso, podemos atuar em grande parte de forma preventiva, evitando que os tumores malignos surjam. É a chamada prevenção primária’, diz o Dr.
Thiago Celestino Chulam, líder do Departamento de Prevenção e Diagnóstico Precoce do A.C.Camargo.Continua após a publicidadeDiagnóstico precoceJá a prevenção secundária do câncer é baseada nos exames de rastreamento, que identifi cam a doença em estágios iniciais, resultando em maior sobrevida.
Veja como se prevenir dos principais tipos tumorais e o impacto, em termos de sobrevida, de diagnosticá-los na fase inicial.Encontrou algum erro?Entre em contatoCompartilhe:Tudo SobreEstadão Blue StudioComentáriosOs comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.Já sou AssinanteNotícias em alta | SaúdeMinistério da Saúde revoga nota sobre aborto legalPasta argumentou que norma que trazia orientações sobre interrupção legal da gravidez não passou por todas instâncias do órgão29/02/2024 | 15h27 | Paula FerreiraCom qual idade a criança deve começar a falar?
Essa e outras respostas estão em nova cartilhaSociedade Brasileira de Pediatria lança manual sobre marcos de desenvolvimento para acabar com os mitos em torno do assunto e facilitar a identificação de atrasos 29/02/2024 | 15h12 | Lara CasteloDivisão do SUS para os Yanomami jogou fora 257 mil unidades de medicamentos em 2023Distrito Sanitário Yanomami (DSEI-YY), que atende a 30 mil indígenas, informou ter descartado centenas de milhares de itens em resposta a questionamento via Lei de Acesso; ministério diz que herdou estoques ‘sem tempo hábil para uso’29/02/2024 | 09h30 | André Shalders | Gabriel de SousaComo deve ser a cidade amiga do envelhecimento saudável?
Veja vídeoPara uma cidade ganhar esse status, a Organização Mundial da Saúde (OMS) leva em conta oito aspectos; no Brasil, 34 municípios são considerados amigáveis às pessoas com mais de 60 anos01/03/2024 | 09h30 | André BernardoSaiba como o consumo de café pode reduzir o risco de diabetesA cada xícara consumida diariamente, a probabilidade de desenvolver a doença cai; entenda os motivos e o limite de ingestão28/02/2024 | 09h34 | Anahad O’ConnorVeja mais em saude
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo